Esse ano eu finalmente terminei um dos maiores clássicos cults da Sega, Comix Zone! Um dos últimos jogos do Mega Drive com um estilo de arte fantástico que sempre chama atenção dos retro gamers, mas frustra pela dificuldade frustrante.
Nos anos 90 a Sega era um símbolo de "cool", antes dos consoles 32-bit, eram diversos estúdios produzindo jogos ao mesmo tempo para o Mega Drive, Master System, Arcades, Sega Cd... coisas demais!
Uma das principais divisões da Sega foi a Sega Technical Institute (STI), uma divisão americana que desenvolveu alguns dos jogos mais importantes do Mega Drive, Kid Chameleon, Sonic Spinball, Sonic 2 e 3, até a versão americana de Puyo Puyo, que se transformou em Dr. Robotnik’s Mean Bean Machine. Todos considerados clássicos e disponiveis em várias coletâneas do console até hoje.
No fim dos anos 90 o Sega Saturn estava chegando, o Sega 32X estava se tornando um fracasso retumbante, e o Sega CD já era coisa do passado, nesse periodo a Sega insistia em continuar colocando jogos no Mega Drive, jogos que deveriam ser tecnicamente surpreendentes, assim como Donkey Kong fazia no Super Nintendo, em 1995 a STI desenvolveu Comix Zone.
Esse é um jogo de ação, com elementos de beat em up, onde a ação acontece em apenas um plano, tem porrada, plataforma e puzzles leves. O grande destaque, claro, é o estilo de historia em quadrinhos, com sprites fantásticos, super detalhados e bem grandes na tela!
Comix Zone é o nome de uma historia em quadrinhos dentro do mundo do jogo, um mundo cheio de aliens invasores em uma Terra pós apocalíptica, baseada em pesadelos do seu escritor e artista, Sketch Turner, nosso protagonista. A ação começa quando em uma noite chuvosa em sua casa, desenhando suas historias acompanhado de Roadkill, seu rato de estimação, um raio atinge as paginas do Gibi, dando vida par aum dos seus personagens, Mortus, o vilão principal da historia.
Mortus pula pra fora da HQ, e coloca seu criador dentro da Comix Zone! Dentro das paginas do quadrinho, Sketch recebe ajuda da General Alissa Cyan, e descobre que tem super força e habilidades de um super herói, e agora tem que suar muito para enfrentar suas criações e voltar ao mundo real.
O jogo tem muitas influencias de várias HQs clássicas dos anos 90, como as Tartarugas Ninja, com sprites mega detalhados, e cada fase se passa dentro de uma pagina, pulando de quadrinho em quadrinho, algumas partes são combate e outras um pouco de resolução de puzzles.
Outra coisa muito boa aqui é a trilha sonora, cheia de rock! Ela foi composta por Howard Drossin, o mesmo cara responsavel pela fantástica trilha de Sonic Spinball, além de ajudar em Sonic 3 & Knuckles, é bem eclético e empolgante.
A apresentação do jogo é ótima, mas no fim das contas o importante é o gameplay né? Aqui tudo funciona de forma simples e intuitiva, um botão para atacar, e usando o direcional é possível aplicar ganchos e chutes, até mesmo agarrar os inimigos para ataques mais poderosos, recomendo usar um controle de 6 botões, que permite usar o botão C para defender, e os botões X,Y e Z para usar itens, tem bombas, facas, curas e seu ratinho Roadkill, que é usado para distrair inimigos, abrindo as defesas deles e ativando interruptores pelos quadrinhos das fases.
O combate em si é interessante, cada luta envolve entender o padrão do inimigo para quebrar suas defesas, funciona melhor nos chefes, cada chefe tem um ponto fraco a ser explorado, e a ideia é descobrir a melhor maneira de enfrentar cada um.
Aí que vem o principal problema do jogo, a dificuldade, é simplesmente injusto, no geral é um jogo bem curto, só 6 fases e um chefe final, pra aumentar a duração a Sega achou que seria interessante deixar tudo quase impossível, os inimigos dão muito dano, são muito inteligentes para quebrar sua defesa e precisam tomar muuuitos socos para morrer.
Os puzzles pelas fases muitas vezes exigem que você tome dano para resolver, como quebrar paredes que te machucam quando se encosta nelas, ah mas e os itens de cura? Raríssimos! Sem contar os inimigos aéreos que podem te jogar em buracos de morte instantânea.
A cereja do bolo: não tem continues, o jogo exige que você enfrente tudo numa vida só. De vez em quando o jogo te permite começar de novo a fase após morrer, mas não tem bem uma explicação de como isso funciona, o vilão aparece as vezes te dando mais uma chance, as vezes.
É uma pena que o jogo seja tão injusto, e isso com certeza afasta ele da maioria dos jogadores, visto que todo o resto é incrível! Por isso eu vou dar uma dica boa aqui, um código de invencibilidade!
Na tela inicial, vá em OPTIONS -> JUKEBOX e aperte C em cima dos numeros: 3, 12, 17, 2, 2, 10, 2, 7, 7, 11. Nessa ordem. Você vai ouvir o Sketch dizer "Oh yeah!", e pronto, o cheat funcionou e agora dá pra jogar.
Comix Zone foi um dos últimos jogos desenvolvidos pela Sega pro Mega Drive, e foi um fim impressionante tecnicamente. Depois desse lançamento, o jogo recebeu um port para PCs, o Windows 95, a Microsoft queria transformar o Windows numa plataforma de jogos tão boa quanto um console, e conseguiu com que a Sega lançasse alguns dos seus jogos, porém é simplesmente o jogo de Mega sem tirar nem pôr.
Ainda teve uma versão para o Game Boy Advance, que também é parecida com a original, até na dificuldade, foi boa na época, para ter uma versão do jogo, mas não vale a pena hoje em dia, as cores são mais apagadas e a trilha sonora é ruinzinha que só. Versões melhores estão disponiveis nas diversas coletâneas do Mega Drive para os consoles atuais, e também está disponivel no Nintendo Switch Online + Expansion Pass.
E é isso, uma pequena lembrança de um clássico do Mega, em breve trago mais jogos que for terminando ao longo do ano!