Streets of Rage é uma das franquias mais amadas da Sega, que revitalizou o gênero Beat em Up nos consoles junto com Final Fight no Super Nintendo. Cada jogo evoluía a formula do anterior, revolucionava nas artes, no gameplay, na trilha sonora como nenhum outro.
O primeiro jogo foi de 1991, e junto com Sonic fez o Mega Drive explodir nas américas, é um jogo pelo qual eu tenho muito carinho, veio junto com meu Sega CDX e passei horas com meus pais, primos e amigos jogando e rejogando com diferentes personagens, a arte era tão chamativa que cativa o jogador a explorar os fundos das cenas, a música é tão a frente do seu tempo para video games que a gente costumava colocar o jogo só pra abrir o 'sound test' e ficar ouvindo a trilha sonora. SoR 2 veio e logo se tornou um dos melhores jogos do Mega com seus graficos impressionantes, e uma variedade enorme de golpes e inimigos, enfim, já fazem 26 anos desde SoR 3, o genero evoluiu, já até escrevi esse post sobre jogos que quase foram o Streets of Rage 4 no passado, mas 2020 chegou com um retorno as origens, uma carta de amor aos jogos clássicos e é o que irei falar um pouco sobre na indicação de hoje!
A nova aventura se passa 10 anos após o final de SoR 3, e mostra que os filhos do antigo vilão Mr.X, conhecidos como os irmãos Y, começam um império secreto patrocinando a policia e os bandidos da cidade em um plano maluco para dominar a mente das pessoas e obter de volta o antigo controle que Mr.X possuia. Quando a cidade é tomada por bandidos e policiais corruptos, é hora dos velhos heróis do passado retornarem para tomar a cidade de volta do único jeito de conhecem, descendo a porrada em todo mundo que vê pela frente.
O game é claramente feito primariamente para os fãs, o estilo de arte e musicas mostra que os estúdios envolvidos na produção, Dotemu, Guard Crush Games e Lizardcube, tentaram criar o jogo que estava na mente dos desenvolvedores da Sega e da Ancient nos anos 90, mas era impossível de ser feito com a tecnologia da época. Logo de cara o que mais chama atenção é a arte, feita no marcante e colorido estilo de comics, o visual apresenta cores fortes, muito neon e finalmente torna concreto a ideia original que antes só era possível fazer com sprites em 2D. Todos os personagens possuem muitos detalhes nos seus frames de animação, cada inimigo, cada fundo, é maravilhoso. O legal disso é que as animações ajudam a telegrafar os próximos golpes do oponente, ou saber quando melhor posicionar os seus. Por isso o jogo ainda consegue ser carismático para novos fãs também, mas vamos logo falar de jogabilidade.
No quesito gameplay o game é uma evolução do que foi apresentado em Streets of Rage 3 de 1994, o jogo possuía uma variedade maior de combos e diferentes habilidades com as armas, isso continua aqui, além do ataque normal e pulo, você pode combinar diferentes ações, quase como num jogo de luta, para fazer diferentes arremessos, combos ou golpes especiais. Aqui existem dois tipos de especiais, o tradicional é o mesmo de SoR 2, que faz um combo rápido contra o oponente que causa mais dano que o normal, e as vezes pode ajudar a se livrar de situações perigosas, usar ela gasta um pouco da sua energia, porém o legal aqui é que essa energia gasta fica com uma marca verde na lifebar do personagem, e é possível ganhar a energia novamente acertando golpes nos inimigos, cada soco dado com sucesso recupera um pouco, mas caso tome um golpe inimigo a marca verde some e você perde essa chance. O outro especial é um devastador ataque único de cada personagem, alguns deles são para limpar a tela inteira, e outros são em área, esses golpes são limitados, gastando uma "estrela", você começa a fase com 2 estrelas e pode encontrar algumas delas escondidas nos barris pelos cenários, mas é sempre bom poupar para os chefões.
A porradaria continua uma delicia, é muito fácil e satisfatório sair batendo nos oponentes, porém não é um jogo fácil, com o tempo aparecem inimigos de diferentes habilidades que exigem diferentes formas de contato, o que evita a repetição comum nos Beat' em Ups. Diversas melhorias foram feitas para acabar com antigos problemas dos jogos passados, por exemplo, agora inimigos não podem mais ser jogados "para fora" da tela, eles ficam presos na visão da câmera facilitando o contra ataque do jogador. Outra coisa legal é que aqui as gimmicks das fases são muito mais bem feitas, como elevadores, buracos nos cenários, sessões sidescrolling, tudo para quebrar a monotonia e manter o ritmo frenético. Inicialmente temos 4 personagens bem distintos entre si em força e velocidade, mas logo vamos desbloqueando novos personagens e também skins com os modelos em sprites 2D de todos os personagens dos jogos anteriores.
O que eu mais gostei é que é um jogo realmente clássico, não tem besteiras de arvores de evolução, mecânicas de RPG, lojinhas, é só o principal, sem firulas, do jeito que jogadores antigos gostavam dos seus jogos pela manhã. Claro que nem tudo são flores, alguns inimigos continuam fazendo combos quase infinitos em alguns cenarios, e muitas vezes os golpes especiais não quebram os ataques inimigos vindos dos dois lados simultaneamente. As músicas novas também são boas mas nada aos pés do jogo original, principalmente as musicas de lutas contra os chefes. Mas nada que tire o brilho desse jogo, um daqueles que você pode jogar de novo e de novo, trocar de personagens, de dificuldade, colocar a trilha sonora original pra ouvir no lugar da nova, tanta coisa que brilha os olhos!
Essa é minha recomendação da semana, corre lá pra pegar o jogo e eu prometo que não vai se arrepender!